sexta-feira, 6 de novembro de 2009

SEFARAD

SEMINÀRIO DO MEPM                                                  Set.  2008

Judeus e Cristãos Novos no Renascimento Português

SEFARAD     -      As Comunas Judaicas

J. Sá-Carneiro                                                                                                         Aluno  de  Mestrado nº 802465   UAb,  em                                          Estudos  Portugueses  Multidisciplinares

 

Como não sei bem como encetar este Tema …sem partir de um "principio", venho pedir a vossa tolerância para vos roubar alguns minutos, ensaiando umas linhas, à maneira de prólogo.

 

MITOLOGIA     -      BIBLIA-LOGIA

Os Hebreus, ao contrário do que geralmente se pensa, não são originários da Palestina. Antes decidiram, quando lá chegaram, que era ela a "terra prometida".

Os Hebreus, até onde reza a história, tiveram a sua origem na região de Ur, próxima da Babilónia, onde hoje é o Irak. Eram pastores, nómadas e iletrados, e os Babilónios aí faziam constantes razias para se fornecerem de escravos para o seu serviço, agrícola e doméstico.

O nome desse povo parece provir de Heber, um avoengo de Abrahão.

…E a tradição começa aqui: Sarah, a esposa do depois Patriarca Abrahão, era estéril, mas porque tinham grande desejo de um filho, resolveram que Abrahão o tivesse da escrava Agar. Tendo nascido uma criança, foi ela chamada de Ismael e adoptada como filho do casal. Pouco depois, inesperadamente, ficou Sarah grávida, vindo a dar à luz outra criança, a que chamaram Isaak. Sahra mandou abandonar no deserto Agar e seu filho Ismael, para que morressem de sêde, mas um anjo indicou a Agar uma fonte, o que os salvou.

Desde aí se chamam os descendentes de Isaak, Hebreus. E os de Ismael, Ismaelitas, ou Árabes. Só alguns séculos mais tarde, quando ocuparam a Judeia e o Israel, os hebreus passaram a chamar-se Judeus e Israelitas.

 

SEFAHRAD

As Comunas Judaicas em Portugal tiveram, até 1492, pouca expressão, pois que eram pobres e bastante reduzidas. Antes nos aparecem como a franja ocidental do Sefarad, judeu-espanhol que, esse sim, podemos considerá-lo uma espécie de potentado-virtual.

Um estado, que não tendo território próprio, se sobrepunha a várias nações da península, chegando mesmo, de certo modo,. a projectar-se sobre Al Andaluz, o reino moiro do sul.

Sefahrad era o nome que os hebreus davam a qualquer terra de refugio (ou Promissão) que conseguiam alcançar, e que os recebia. Já tinha acontecido duas vezes com a Palestina, E também com o Egipto, antes do cativeiro, e com a Grécia e Roma.

A partir de 70 A.D., quando o Imperador Tito destruiu Jerusalém, passaram os judeus a procurar refugio também na Ibéria, onde já conheciam Tartessus, feitoria fenícia, que hoje se chama Cadiz.. Mas a grande diáspora para a Península processou-se no inicio da Idade média, no Sec V (A.D), e o Sefarad manteve-se por cerca de 1.000 anos, até a Rainha Isabel, a Católica, no Sec. XV, expulsar os judeus de Espanha.

E o Sefarad ibérico foi o mais importante de todos. Era como que um estado imaterial, sem fronteiras demarcadas, sem governo e sem exército, …mas com enorme projecção cultural, até pela força da sua religião e, sobretudo com tremendo poder financeiro.

Os judeus do Sefarad chamavam-se Sefardis (ou Safardins ) - Os judeus do leste e norte da Europa, regiões eslávicas e germânicas, eram chamados de Askenazis.

Os primeiros hebreus a chegarem à Ibéria, eram normalmente escravos, ou de muito humilde condição, mas dado o seu comportamento ordeiro e trabalhador, foram em geral bem recebidos pelos monarcas suevos e visigodos cristãos-arianos, que depressa os empregaram em posições de confiança. Tinham por outro lado que contar com a má vontade do povo, esse normalmente de origem celtibera, que via os judeus como rivais e concorrentes. …E assim foram vivendo, na verdade  sem problemas de maior.

Porém, quando Recaredo se converteu ao catolicismo, começou uma época trágica, de perseguições religiosas, para os judeus da Espanha, de que acabaram por ser salvos por Tarik, ao tempo da invasão muçulmana de 711.

Conscientes de que, para se estabilizarem em Espanha, tinham que conseguir valorizar-se, não perderam eles tempo em se aproximar dos islamitas, a quem aliás tinham ajudado na  conquista, aprendendo a língua árabe, a aritmética de al-garismos (Sobretudo o "sistema decimal" e o conceito árabe de “Zero”,  bem com toda  a “Al-gebra”).

E com os árabes também aprenderam medicina, agricultura, arquitectura e, por fim literatura e filosofia clássicas, que os Islamitas tinham conservado e traduzido.

E, detentores do sistema aritmético árabe, rapidamente acabaram por se tornar nos contabilistas e administradores dos negócios,  e do comércio geral, e até conselheiros dos governos de alguns dos reinos cristãos, tendo-lhes por vezes sido entregue a própria cobrança dos impostos.

Puderam assim os Sefardis alcançar uma posição dominante, económica e até de certo modo cultural, que perdurou em Espanha até ao fim da "Noite de Mil anos".

Em 1492, ano da descoberta das Antilhas por Colombo, a Rainha de Castela, Isabel, a Católica, que tinha acabado de expulsar os últimos moiros de Granada, e estava prestes a conseguir unificar quase toda a Espanha,   resolveu expulsar também os seus súbditos judeus. …E aí se verifica a diáspora dos sefardis para Portugal

Como estou atrasado no seminário (Problemas de computador) e todos os colegas fizeram já trabalhos quanto à primeira fase judaica em Portugal, sobre a qual li, com toda a atenção, os Textos disponibilizados, peço agora a vossa concordância para, depois deste intróito que, embora marginal, espero que tenha tido certo interesse, pelo menos para alguns colegas, passar à situação em Portugal dos sefardis aqui imigrados de Espanha, que em muitos casos se metamorfosearam nos nossos Cristãos Novos.

Alguns vocábulos sagrados:

Tora: Lei de Moisés: A palavra de Deus

Talmud: Tratado Enciclopédico de Leis Espirituais

Mishná: Código Legislativo

Agadá: Lei Oral - Folclórica

Anús: Judeu convertido ao Cristianismo, mas que secretamente mantém a sua fé.

Cohen: Sacerdote da Sinagoga

.Ladino: Dialecto-mistura de hebraico e castelhano (ou romance), como acontece

com o Ydish, na Alemanha.

Sefardi: Judeu oriundo do Sefarad, e seus descendentes.

Askenazi: Judeu eslavico ou germânico.

Diásporas: Desterro, forçado ou não, a que o povo judeu esteve várias vezes sujeito

1400 A.C. Marcha p. o Egipto

1200 A.C. Marcha de regresso do Egipto, c/ Moisés;

586-517 A.C. Desterro na. Babilónia

70 A.D. Fuga da Palestina após a destruição de Jerusalém

(in) GEO - Editorial - Madrid - Geografia-Historia nº 132 Jan. 98

Etnologia Labor

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