sábado, 14 de novembro de 2009

ALCOOL, T.G.V, ETC.

(M E M O  AO  PRIMEIRO  MINISTRO   -   2006)

J. Sá-Carneiro (*)

 

ALCOOL

Parece terem sido os árabes que ensinaram os europeus a destilá-lo, ...e é hoje em dia acusado de “assassino das nossas estradas”.

Pois bem, esse mesmo “al kohol”, a que desde sempre foram atribuidos os mais diversos paladares e maleficios, poderia vir agora ajudar a resolver o nosso problema de transportes ( E da energia, em geral ).

A África do Sul, sobretudo no Natal, destilava-o da cana de açucar e usava-o nas embarcações de pesca, adicionado ao gasoil.

O Brasil mistura-o com a gasolina, creio que a 50%, e usa-o nos automóveis. ...E talvez tambem o faça com o diesel dos camions.

Parece apenas mecessário proceder a pequenas alterações nos motores.

O facto é que neste momento o Brasil cumpre as suas necessidades de carburante, e consta que ainda consegue exportar algun petróleo.

Pode destilar-se alcool de quase tudo o que é vegetal: Dos frutos, das flores, das raizes, até da relva.. ...Mas comprova-se que um dos melhores alcoois é o extraido da madeira.

...E Portugal dispõe da maior floresta da Europa, ...ou pelo menos da União Europeia,.

...que até agora quase só tem servido para a poluente pasta de papel, ...e para ser devorada, ano após ano, crónica e impiedosamente, pelos fatídicos incêndios florestais, ...com toda a série de perigos e tremendas despesas que eles acarretam.

Fala-se em controlar os pinhais pela abertura de “avenidas” de combate aos fogos, orientadas conforme os ventos predominantes, e pelo abate sistemático de parcelas.

...Afinal a “limpeza da floresta” que, há quarenta anos atrás, era feita, automáticamente, pelos camponeses, quando aproveitavam lenhas e pinhas, e por vezes até a caruma, para alimentar as suas lareiras. ...Infelizmente hoje em dia já quase não há camponeses, ...e os que ainda há usam gás de botija!

Porque não dirigir directamente essa “desmatação racional” das florestas ...para o fabrico do Alcool ? ...Ficariam assim as florestas limpas e controladas, ...ao mesmo tempo que abastecidas as “destilarias”. ...E claro que haveria cuidadosa replantação!

Penso que nunca a “celulose” teve em Portugal expressão económica suficiente para poder pagar esses trabalhos de control das florestas. ...O Alcool pagaria tudo.

Poderiam essas destilarias ser de todos os tipos: Dispendiosas ou módicas, industriais ou artesanais, etc., etc. ...de modo a conseguirmos boa parte do carburante para as nossas necessidades, ...”sem dispêndio de divisas”.

Depois uma “Unidade Especializada” faria a “Mistura Combustível”.

...Porque não imitamos os brasileiros ?

AUTO-ESTRADAS

Quando, ido de Angola,  me fixei na África do Sul, em Dez. de 75, fiquei deslumbrado com as auto-estradas, ...que poucos anos antes nem sequer existiam. Muito bem traçadas, tinham pistas mais largas que as europeias, e sempre com margens de ambos   os lados.

...De estranhar, só o seu limite de velocidade: 55 milhas horárias, ...menos de 90 Kms.

Fiquei a saber pouco depois que tal limite não tinha sido imposto por segurança.     ...Mas simplesmente por economia, ...depois do 1º chóque petrolífero.  ...E o consumo tinha assim drasticamente diminuido. ( Como se sabe a África do sul fabricava, a partir do carvão, cerca de 40% da gasolina que consumia. E alem disso era um País rico, que conseguiria facilmente importar mais petróleo. ...Mas assim mesmo impôs restrições.)

...A consequência espantosa desse facto, é que, processadas as estatisticas anuais, o número de acidentes mortais nas auto-estradas tinha descido para cerca de metade.

Então a restrição passou a manter-se pelas 2 razões: Segurança e Economia.

Outra explicação da segurança conseguida na Africa do Sul (naquele tempo) era a da fixação de Uma Velocidade da Auto-Estrada: 55 milhas ( Nem a mais nem a menos ). ( Em Espanha e noutros paises europeus também as velocidades são fixas, mas não completamente respeitadas.)

E isso ia, automaticamente,  desencorajar as “ultrapassagens”, que se tornavam muito menos frequentes.  ...E que são,  aqui em Portugal, a razão principal das mortes.

...Lembro-me que depois de ter feito uma ultrapassagem, com velocidade muito próxima das tais 55 milhas, a policia me obrigou a parar, e a explicar concisamente porquê, e para quê, tinha feito aquela ultrapassagem. ...Passei um mau bocado!

TGV

Será certamente inconcebível que um Turista, ou Homem de Negócios, venha de Paris ou de Berlim em Alta-Velocidade para, na fronteira Portuguesa, ...ter que mudar para um “Ronceiro” ou um Autocarro, afim de chegar ao Porto, a Lisboa, ...ou a Faro.

...É verdade que custa muito caro adquirir o TGV! ...Mas, se não temos meios para comprar o “Material Circulante”, porque não nos limitamos a implantar a “Ferrovia” ?

...Os Comboios poderiam ser estrangeiros! ...É preciso é que os Turistas cá cheguem..

...Tambem os Navios de Cruzeiro e as Aeronaves, que trazem esses Turistas, são de todas as origens e os Portos e Aeroportos são Portugueses.

...O que parece importante é instalar os Rails, ...o que sabemos fazer desde o Ministro Fontes Pereira de Melo, ...mesmo que estes agora sejam mais sofisticados.

...Mais tarde, quando houver posses, então poderemos entrar no negócio de Locomotivas e Carruagens e, ....sobretudo, na Manutenção, complicada e dispendiosa, desse material. ...Isto se não queremos entregar tudo a empresas espanholas.

...E afinal há sempre o recurso às parcerias.

 

(*) José António Guedes Vaz de Sá Carneiro

Diplomado em Marketing Management pelo SAMA de Joanesburgo – 1978/ 79

Despachante-oficial em Luanda desde 1952 e em Lisboa desde 1980

Curso (OMA - OMC), reciclado em 2002/ 03

Licenciado em História pela Universidade Aberta de Lisboa 2000/5

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

O MALOGRO DE STALINGRADO

O HOMEM  QUE  DERROTOU  A   ALEMANHA

           Cascais, 11  Nov. 2009                                    J. Sá-Carneiro

A  conversa teve lugar na varanda dos meus sogros, em Luanda, aí por 1958, ou 59,  pois que me lembro que estava casado havia pouco tempo.                           …E durou praticamente a tarde inteira.

Meu sogro, Otto Ullerich, muito aventureiro na sua juventude, tinha deixado a Alemanha em 1910, com 25 anos,  para quatro anos depois já  ser proprietário de uma pequena “farm” de copra, no extremo leste da Nova-Guiné, ao tempo colónia alemã.

…Mas então estoirou a Primeira Grande Guerra.  …E, claro, perdida a guerra, o meu sogro perdeu a “farm”, acabando por regressar à Alemanha, em 1918, como grumete de um cargueiro japonês, para vir  enfrentar os piores oito anos da sua  vida.             …Mas entretanto  casou.

Em 1926 apareceu-lhe um amigo, julgo que dos tempos da Nova Guiné, a desafiá-lo para irem juntos para Angola, de que ele  nunca tinha ouvido falar, mas que o outro dizia ser a melhor terra do mundo para os projectos agrícolas que ambos acalentavam.  Levado pelo entusiasmo do amigo, logo ali resolveu  aceitar o desafio.  

…E é assim que,  dois anos depois, estão ambos instalados, em duas demarcações  para café, a poucos quilómetros uma da outra,  em plena região florestal do Pango-Aluquem,  nos   Dembos  -   Angola.

Quando, dez anos mais tarde, começou a Segunda Guerra Mundial, meu sogro, já muito fora da idade militar, deixou-se ficar pelos Dembos, onde a   agricultura  da sua fazenda o absorvia por completo.   Porém o amigo, von Morgen, embora fosse até um pouco mais velho do que ele, resolveu partir para a Alemanha, onde foi  tomar as  funções de Correio Diplomático,  como já tinha feito em 1914.

E aqui começa esta história:   Von Morgen foi colocado em Tóquio, numa posição de responsabilidade, pois que o Japão tinha já estabelecido com a Alemanha o chamado Pacto Anti-Komintern,  de largo âmbito  politico-militar, e destinado a combater a URSS .   Em Tóquio conheceu um outro correio diplomático, Richard Sorge (Leia-se Zórga), também alemão, mas parece que nascido em Baku, na antiga  Russia,  filho de mãe russa e pai prussiano,  homem de estupenda presença, extrema simpatia, e magnética captação de  amizades, acontecendo terem em breve ficado intimos amigos.                      

Como o Japão também estava em Guerra, com a China, onde já tinha estabelecido o Manchuco, era extremamente complicado conseguir acomodação em Tóquio.  …Mas lá descobriram um pequeno apartamento, só com um quarto, onde dificilmente se acomodaram os  dois.         …E estas noticias, de 1940, tinham sido as ultimas enviadas por  von Morgen.

Ora naquela manhã o pai Otto estava excitadíssimo porque tinha recebido um telefonema do amigo, a dizer que chegara a Angola, num cargueiro da CUF, e que estava hospedado num hotel de Luanda.    O encontro ficara marcado para as três da tarde, lá em casa, e convidava-me a assistir, porque poderia ser interessante.

Aqui tenho que saltar uns 15 anos para trás, e reportar-me ao que meu sogro me contou, nessa manhã, quanto à  partida de von Morgen para a guerra.

As roças por eles implantadas  no Pango, chamaram-se Kissokolo, a do meu sogro, com mil e poucos hectares, e Montes Hermínios, a de von Morgen, talvez com o triplo do tamanho.      À partida deixou Morgen as plantações, e todo o resto dos seus negócios, entregues a um gerente, também alemão, da sua inteira confiança.                                                                                                           

Aconteceu entretanto que, tendo a Alemanha perdido a guerra, foi von Morgen inscrito, como ex-inimigo, na Lista Negra do Commonwealth e impedido, pelo Consulado Britânico em Luanda, de regressar a Angola.   Assim, enviou de Hamburgo procurações, com plenos poderes, ao tal gerente alemão, e foi esperando, durante todos aqueles anos, que o Commonwealth o retirasse da  “lista negra”, para poder regressar.     …E agora, à sua chegada, o gerente não queria entregar-lhe a fazenda que, não sei como tinha conseguido passar para o seu nome, e alegava que tudo lhe pertencia.                                                                                                               

E esta visita ao meu sogro era para se aconselhar, pois que, por outro lado,  estava com pouco dinheiro pagar a advogados.

Com dois ou três telefonemas, ficaram as demarches combinadas para os dias imediatos, e sei que tudo veio a resolver-se, não bem como  Morgen queria, mas de modo mais ou menos satisfatório.

Porém do que quero  falar-vos  agora é do resto da conversa, que durou pela tarde fóra, em  que o Morgen nos contou as suas atribulações no Japão e do tremendo efeito que a interferência do Richard Sorge veio a ter no desenrolar da 2ª Guerra Mundial.

Quando tinha começado a 1ª Grande Guerra, em 1914, Richard, como filho de alemão, achou que devia alistar-se, pelo que logo correu para a Alemanha  para frequentar um curso de oficial miliciano.  Tendo combatido nas várias frentes, logo após a rendição, face a uma  invulgar inteligência, que detinha, além das suas muitas outras qualidades, de imediato se matriculou na Universidade de Hamburgo, onde acabou  doutorado em Ciências Politicas.      Podendo assim filiar-se, em posição de destaque, no Partido National Sozialist (abrev. Nazi)  que nessa altura começava a impor-se.    Após uns anos de missões,  mais ou menos importantes, como correio diplomático, acabou por ser colocado em Tóquio, onde veio a relacionar-se com Von Morgen.

E eu, hora após hora, bem acompanhado da cerveja Löwenbrau, que o Pai Otto recebia da Alemanha,  ia ouvindo deliciado todas aquelas histórias.  Von Morgen tinha já quase esquecido o seu pouco português, e punha-se a falar alemão, que eu mal entendia, e aí era o meu sogro que tinha de traduzir.            Até que, já por altura do pôr-do-sol, quando começava a refrescar na varanda, porque era cacimbo, veio finalmente o desenlace.

É que Sorge, além de  enorme encanto pessoal, no corrente das suas relações sociais, parece que detinha ainda muito mais “charme” quando se tratava de aproximação a mulheres.       …E o sacrificado era von Morgen, que tinha que suportar esse “inconveniente”.  Pois que  como só havia um único  quarto, via-se  constantemente obrigado a aguentar horas a fio  no café da esquina, à espera que o amigo Richard despachasse as suas conquistas.  Ficando muitas  vezes em tremuras, pois que elas eram de perigoso gabarito,  …e ele, de longe, do café, até ia reconhecendo algumas:   …Mulheres de diplomatas de várias nacionalidades, japonesas da melhor sociedade de Tóquio, de todas as idades, e até, para variar, muitas das chamadas “mundanas”, conhecidas na alta roda, e sempre também da máxima categoria.     …E  um  dia viu entrar  uma, que conhecia  de vista,  …e que o deixou aterrado, pois sabia que ela era a amante dum generalíssimo nipónico, que constava estar envolvido nos secretíssimos planos para uma “campanha mistério”  que os altos comandos estavam a preparar.         

…E veio o resto da história:         O Japão queixava-se que os U.S.A. travavam e impediam,  de todas as maneiras,  a sua expansão comercial e industrial no Pacifico.    E  a  Alemanha pressionava o Japão para que a deixasse acabar com os russos, para só depois tratarem dos americanos.    E  por isso pedia-lhe  que  atacasse, ou pelo menos empatasse, as  120 ou 130 divisões russas que estavam, havia um ano,  na fronteira da Manchúria, frente a frente com outras tantas divisões nipónicas, prontas a invadir.    Mas para vencer a URSS  era preciso tomar Stalingrado, onde os russos continuavam teimosamente a resistir.    …E os alemães esperavam a Primavera.

Assim o Japão hesitava entre as duas opções.  Guerra aos russos, ou aos americanos?       …Mas a  facção mais agressiva do exército japonês queria lançar-se de imediato sobre as posições norte-americanas do Pacífico.       …E  ia-se mantendo este impasse…      Até que, de repente os USA fazem a graça de cortar (Ou tentar cortar) o abastecimento de petróleo ao Japão.

E essa foi a espoleta da brutal e explosiva fase que  se seguiu:          A  facção japonesa extremista resolveu mesmo atacar os americanos, e o primeiro alvo seria Pearl Harbour.   Mas para fazer a ocupação das muitas posições a conquistar, o  Japão precisava das divisões da Manchúria, resolvendo assim retirá-las em segredo. E como os russos tinham ali pouca aviação, nem    dariam por isso, pois que ficava   lá o suficiente para disfarçar.

Então aconteceu que o general,  nas volúpias da cama, contou à amante que as cento e tal divisões da Manchúria passariam, em breve, a ser meia dúzia.                                                                                    E, em nova sessão de volúpias na cama,  …a japonesa contou            ao Sorge!

E é assim que, quando o exército germânico,  já extremamente debilitado,  quase sem munições, sem aviação e sem comida  (Uma maçã, como prato único, cortada em quatro,  dava  para quatro soldados, água em cima para a maçã inchar, e depois a pastilha de vitaminas), mas ainda cheio de coragem,     …se preparava para, com a chegada da primavera, tomar de assalto final a  sacrificada e moribunda Stalinegrado,      …eis que apanha com cem divisões russas em cima,  perfeitamente armadas e completamente frescas, pois nunca tinham chegado a entrar em combate, e que como um furacão esmagam os restos do que tinha sido a fabulosa Wehrmacht        …e acabam com as ultimas esperanças de a Alemanha ainda poder ganhar a guerra.

Poucos dias depois a policia militar japonesa entrou de rompante pelo apartamento dentro e deteve  os dois alemães.  

Von Morgen parece ter conseguido comprovar facilmente a sua inocência.                                                                                                                …Mas  Sorge foi, pouco tempo depois, condenado à morte.    

E  nem me recordo bem, mas parece-me que já foi depois da condenação do “amigo”,  que Morgen conseguiu autorização para o visitar, e foi aí que ele lhe contou que, ainda antes  da campanha da Polónia, já era espião duplo,  …na verdade espião russo.   …Que quando da invasão, tinha sido ele que avisara o Kremlin que 170 divisões alemãs iam atravessar a fronteira da União Soviética.      …E agora com o Japão, só tinha tido que dizer ao Kremlin que  já  não havia japoneses na fronteira da Manchúria.

E acabou por justificar-se contando que, quando criança, assistiu a várias cenas, de choque e dureza, de seu pai com sua mãe,  que o levaram mais tarde a optar pelo lado Russo, …embora tivesse aproveitado da Alemanha tudo o que dela conseguiu obter.

Julgo que uns dias depois foi mesmo executado.

 

Já era noite e estava fresco demais para se estar na varanda.         Entrámos para a sala, para mais uns copos e umas tapas, mas     não se voltou a falar do Japão.  Pouco depois fomos levar von Morgen ao Hotel Avenida.                    

Sei que resolveu os seus problemas, e voltou para a Alemanha ,   mas  não  o tornei  a ver. 

                       JSC

terça-feira, 10 de novembro de 2009

A DIFICIL OPÇÃO

                                                                I

Estávamos nos fins do Século XIV e, extinta a nossa primeira Dinastia, começava a esboçar-se uma nova era, a qual teria forçosamente que ser diferente de tudo o até então experimentado.

Os ultimos moiros já tinham sido, desde há muito, varridos das Praias Algarvias, e as Fronteiras norte e leste estavam quase definitivamente demarcadas. ...O Território era todo nosso!

O Futuro parecia sorrir ao pequeno Portugal, ainda jovem de pouco mais de 200 anos.

Mas, de modo inesperado e algo dramático, ...começa a constatar-se que esse Território, tão sofrido e almejado, não era afinal suficiente para sustentar o escasso milhão de Portugueses que eramos naqueles tempos. ...Para os Moiros tinha chegado! ...Mas os Moiros não eram muitos, ...e capazes de fazer agricultura até no próprio deserto. ...Porém para nós, com fraco saber agrícola e pobre apetrechamento, não chegava com certeza.

Terras na verdade férteis, só os vales do Mondego e do Tejo, e as planuras de estuário do mesmo Tejo e do Sado. Mas essas eram as justamente necessárias para o Trigo, para o Pão de Cada Dia. ...Outras culturas? ...Já os Vinhedos, ...os tinha mandado o nosso avisado rei D.Dinis para as encostas do rio Douro, originando uma empresa, épica e sacrificada, somente comparável aos arrozais de montanha da China e do Japão. ...Gado, ...só miudo. ...Para o grosso os pastos eram fracos, face às chuvas quase sempre irregulares. ...Pescas? Tinham pouca expressão naquela época. ...Como agora, por outros motivos, nos torna a acontecer. ...Riqueza Mineira? ...Os romanos, 1.500 anos atrás, haviam-na praticamente levado ao esgotamento.

...E, face a essas razões, deparámo-nos, pela primeira vez, com o crónico Dilema Nacional:

...Por mais voltas que se dessem, só dois caminhos se ofereciam. ...Duas restrictas Opções:

A - Contemporizar com Castela, aceitando a tendência, que começava a desenhar-se, para um movimento unionista que, um século depois, sob os Reis Católicos, iria culminar na coligação de quase toda a Península ao redor dessa mesma Castela. ...E a que, perdido aquele momento de opção, teriamos fatalmente que aderir, ...até face à séria Teoria, já nesse tempo sentida, de que, geográfica, demográfica e economicamente, eramos nós parte integrante da Espanha ( Ou seja da Hispânia, ...ou Ibéria, ...ou como se queira dizer).

B - Tomar os Rumos dos Mares, ...na procura das Terras do “outro lado”.

E a escolha fez-se ! ...E foi, como é sabido, ...a da Revolução de 1383 e, 2 anos depois, ainda muito mais grave e decisiva, ...a da BATALHA DE ALJUBARROTA.

...A DIFICIL OPÇÃO tinha sido tomada!

Trinta anos decorridos estávamos em Ceuta, em demanda do Trigo do Reino de Fez, que sabiamos abastecer a ainda moira Andaluzia, já quase toda cercada pelos reinos cristãos. ...Porém o trigo tomou outros caminhos, e assim Ceuta se transformou num fiasco, bem como todas as Praças, depois conquistadas, na Costa do Marrocos. ...Mas que seja permitida uma correcção: É que na verdade …nem tudo foi fiasco. Há concerteza que excluir os instrumentos náuticos, árabes e moiros; astrolábios, agulhas de marear, tábuas e al-  manáques, a que tivemos acesso nas embarcações nesses portos conquistádas, e que nos permitiram a navegação ciêntifica do Atlântico, tal como os árabes, dois séculos atrás, tinham tido as suas epopeias do Indico e do Pacifico.

...Porém íamos sempre navegando para sul, e acabámos por chegar à Costa da Mina (Hoje mais ou menos a Nigéria) ...E aí sim! ...Tínhamos chegado às riquezas! ...E de lá começamos a trazer o oiro e o marfim.

...Mas tambem a colaborar, com europeus e africanos, num outro "comércio", corrente e natural naquela altura, ... porém hoje “de muito triste memória”...

...E depois foi a Guiné, ...e Angola! ...Mas, à época, pouco valor se dava a essas terras. Não estávamos propriamente à procura de plágas quase virgens, mas sim de Paises mais ricos e desenvolvidos do que o nosso, capazes de nos fornecer tudo aquilo que não tinhamos.

...Dobrado o Cabo, chegámos às Indias! E então, nesse 2º século de Expansão Ultramarina, ...das Indias fomos vivendo! (...Extrema riqueza para alguns! ...E muita amargura para outros.) ..Até aos dias em que holandeses, e depois ingleses (nossos aliados) nos escorraçaram das melhores posições.

Mas, impedidas as Indias, ...saltámos para o Brasil, ...até aí quase esquecido, ...e nesse Terceiro Século Ultramarino foi, como se sabe, do Brasil que nos valemos.

...Todavia, com a independência brasileira, surge a ameaça de também essa fonte vir a acabar, fatalmente ressequida. ...Entretanto ...e surpreendentemente, mediante certos arranjos de tenças e pensões de familia e um comércio de preferências tradicionais, foi ainda o Brasil capaz de nos ir amparando, por mais uns tempos, até à proclamação da sua República...

...Quando finalmente tudo se acabou, olhámos em roda. ...E o que restava? ...A África!

...Sobretudo de Angola e de Moçambique poderiamos fazer outros Brasis!

...E foi o que se tentou:

...Mas Moçambique revelou-se afinal mais pobre do que pensávamos. Só, muito depois, as chamadas “companhias magestáticas”, normalmente “concedidas” a ingleses, com a sua agricultura extensiva, do chá ou do algodão, para a qual nós portugueses não estávamos de todo vocacionados, se provou virem a ser realmente produtivas.

A maior distância à Metrópole também não ajudava. ...Até aos ultimos tempos da nossa colonização, a principal exportação de Moçambique era a da castanha de cajú, espontânea, apanhada no solo pelos garotos das sanzalas e vendida a baixo preço aos comerciantes indianos, que a expediam para o estrangeiro.

...Mas e Angola? ...Essa comprovou-se ser fabulosamente rica! Angola!

...E foi este, quer se goste ou não da ideia, o nosso verdadeiro percurso económico.

...O Milagre Portugês, além da expansão religiosa e civilizacional, que nunca nos poderá ser negada, foi sobretudo o de sempre ter conseguido amparar a sua economia nos sucessivos Ultramares descortinados!

...Mesmo a passagem pelos 60 anos dos Filipes (Em que Portugal nunca perdeu oficialmente a sua independência, pois que o II de Espanha se chamou I entre nós. ...E assim até ao fim da dinastia), não havia chegado a interromper a mecânica deste processo.

...Sem as colónias teria sido altamente improvável, senão por completo utópica, a perduração, por tantos séculos, de um Portugal independente.

...Mas a partir da segunda Grande Guerra (Sobretudo desde 1942) foi quase exclusivamente Angola que sustentou a nossa economia: Começámos pelo Sisal, vendido aos USA para a rama-explosiva dos canhões navais, depois o Café, com seu tremendo desenvolvimento, a seguir as Madeiras, a farinha de Peixe, o Algodão, o Ferro para o Japão, os Mármores para Itália, ...uma diversidade de Minérios ...para toda a parte. ...etc., etc. ...E ainda o Ouro págo pela África do Sul à Diamang.

...Porém foram sobretudo o Petróleo e os Diamantes que pagaram as 3 Guerras Coloniais, além da “expressiva remessa de Moeda Forte” que, enviada para Portugal até 1975, parece ainda ter durado pelos anos 80, ...já com as colónias desde há muito independentes.

A “Receita em Divisas” de Angola, nos anos 70, terá tavez sido décupla da que a Metrópole conseguia por si própria, mesmo incluindo os vinhos, em barril e tanque, e os tecidos de algodão, que afinal tambem para Angola, e para as outras colónias, eram exportados.

“Divisas” essas imediatamente expedidas para Lisboa, ...enquanto se pagava aos locais ( europeus ou africanos ) em “angolares”, ...e mais tarde em “escudos-angolanos”, ambos inconvertíveis.

...E assim ...foi Portugal considerado o Milagre Económico Europeu de 1973!

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                                             A DIFICIL OPÇÃO

                                                              I I

Estamos em Março de 2006 e acabámos de eleger um novo Presidente da República.

Há um ano atrás tinhamos feito a escolha de um Governo Socialista, que até agora tem desempenhado com razoável eficácia o seu “possivel” exercício.

Assim do ponto de vista propriamente “Politico”, Presidente e Primeiro Ministro, ambos são “democratas”.

Quanto à sua feição “Politico-Económica”, teremos que o Presidente será “Liberal”, enquanto que o 1º Ministro é “Socialista”. ...Perdoe-se-me se estou enganado!

Poderemos ter assim chegado a uma “fórmula de óptimo equilíbrio”. ...E é no “superior entendimento” entre os dois, que depositamos toda a nossa “esperança”, pois que a crise, em que acabámos por cair no inicio do milénio, apesar da imensa ajuda da U.E., parece ter atingido agora profundidades abissais e, na perspectiva de abrandamento do feed-back europeu, só com muito esforço e imaginação conseguiremos alguma vez sair do fundo do poço.

Perdemos as ultimas Posições Ultramarinas há 30 anos, e só agora se começa a compreender que Portugal não era “viável” sem elas! Sabemos que foi “o Mundo” que nos obrigou a abandoná-las. ...Mas poderiamos de lá ter saido de melhor maneira!

...Ou até mesmo lá ter, em grande parte, permanecido. O mal não foram as Independências, ( ...Que teriam que acontecer.) ...O mal foi o abandono! (…Que não podia ter acontecido!)

...E todo o Angolano esclarecido nos acusa agora exactamente disso. ...De qualquer modo tambem sabemos que, na época presente, era impossivel continuar, ao nosso antigo “jeito”, ...pois que só as super-potências podem ter, ou fazer, colónias, e isso em moldes completamente diferentes.

...Mas então há que procurar outras soluções, ...pois parece que a União Europeia, indispensável para salvaguarda da Europa, e até para que os europeus voltem a ter as suas tradicionais força e dignidade, não será afinal “panaceia para todos os males”. Parece-nos por isso que não irá resolver, em especificidade e pormenor, os problemas intimos e as carências endógenas de paises pequenos e pobres como Portugal.

Assim, perante o dramático panorama, de desemprego, pobreza, inflação e até (Talvez e paradoxalmente) deflação, com que presentemente nos debatemos, sabendo que será extremamente dificil instalar novas Industrias, com técnicas penosas de aprender, ou uma nova Agricultura, moderna e sofisticada, ...financeiramente incomportável, ...ou ainda Serviços de Luxo ( Turisticos, de Saúde, ou outros ), que poderão ajudar, mas que não resolverão o nosso “Mal”, ...quase começamos a sentirmo-nos outra vez perante A DIFICIL OPÇÃO de seis séculos atrás: ...ESPANHA ? ...OU ÁFRICA ?...

...Contudo, de Espanha, embora não viessemos a sofrer qualquer perda de nacionalismo ou patriotismo com uma “Confederação”, ...continuamos a dizer ...“que nem Bom Vento”…

Não sabemos se há lógica nisso. ...Afinal praticamente todos os Estados Europeus são Uniões de pequenas (e até geralmente menos pobres) Nações como a nossa: O Reino Unido, a Itália, a Alemanha, a Holanda, a Bélgica, a própria Espanha, ...todos são “Uniões.” ...E até na América, ...o Brasil é uma Federação, ...e os Estados Unidos ...são “Unidos”.

...Mas NÓS não queremos! ...Talvez em parte, e de há longa data, por uma certa influência estrangeira, “nós”, que até possivelmente conseguiriamos resolver os nossos problemas com uma Solução Confederada, ...“Nós”, nem pensar! Preferimos o Orgulhoso Sacrificio do SÓS.

...E Assim Seja!

...Mas então resta a outra Alternativa: Outra vez o ULTRA-MAR, ...outra vez a ÁFRICA!

...E, na melhor das hipóteses, outra vez ANGOLA!.

...Claro que não pensamos em colonizar Angola, ...agora um Estado de Direito ...e muito maior e mais rico que o nosso. No que pensamos é numa Cooperação Ampliada, Cultural e Económica, que, se feita nos moldes convenientes, os Angolanos aceitarão e que seria, para todos, da maior conveniência.

Como o desenvolvimento cultural e até industrial e agricola de Angola ainda será, por muitos anos, processado em lingua portuguesa, é evidente que haverá sempre a maior necessidade de professores, engenheiros e outros técnicos; ...Médicos, ...veterinários, ...agrónomos, ...etc., ...etc.

...Serão precisos também manuais didácticos em português, literatura cultural e ligeira, ...toda uma diversidade de material tipográfico, ...e até cartográfico

...E muito, muito mais!...

...Em contrapartida poderiamos nós tomar posições preferenciais relativas a muitas das produções de Angola, que colocariamos por toda a União Europeia, ou poderiamos reexportar, em muitos casos com “draubaque”, para quaisquer outros mercados.

...Porque não voltar a desenvolver a nossa Medicina Tropical, que chegou a ter vulto de relevo internacional nos anos 50 e 60? ...Porquê não construir um Hospital Universitário Português em Luanda ? ...E um Instituto Superior de Agricultura Tropical? Para Angolanos e Portugueses, claro.

...Isso sim, seria real e genuina Cooperação.

Porque não propor a Angola um “Regime de Concessões Agricolas” ( De 30 ou 40 anos, por exemplo), que empregariam milhares de Angolanos, e que findos esses anos, lhes seriam entregues em definitivo.

A 120 Kms de Luanda, a partir do Úcua, começa uma região de floresta e café, a das antigas plantações dos Dembos, com cerca de 2.500 Kms 2, que constituem um “mundo maravilhoso”, ...praticamente abandonado! ...Lá trabalhámos por mais de 20 anos, até 1975.

Em Julho e Agosto do ano passado percorremos grande parte da área, e verificámos que, das 40 a 50 fazendas que ali laboraram, pelo menos metade ainda está perfeitamente recuperável.

Para se começar, julgamos este um estupendo projecto para os nossos estudantes de agricultura e silvicultura! ( ...E até talvez as Organizações Internacionais nos ajudassem.)

Simplesmente tudo isto teria que ser negociado com um máximo de inteligência, honestidade e respeito, de parte a parte.

...E o Processo levado ao ponto de Grandes Empresas Nacionais dos dois Paises.

...Há concerteza um “aspecto” de que podemos estar completamente seguros:

Os Angolanos gostam de Nós, ...preferem-nos a Nós. ….E Nós continuamos a gostar3

( E a compreendê-los como mais ninguém ) dos Angolanos.

...Mas tal “aspecto” tem que passar do “abstracto”, ...tem que ser “concretizado”!

...E para terminar, tudo o que espero é que este apontamento chame a atenção de alguém com mais capacidade, menos idade, e em melhor posição do que eu, para estudar e, se lhe encontrar algum mérito, desenvolver e activar um tal Projecto.

Março de 2006 J. Sá-Carneiro ( * )

( * ) José Antonio de Sá Carneiro

Natural de Lisboa – 1927 ( Nacionalidades Portuguesa e Angolana )

Despachante-oficial da Alfândega de Luanda de 1952 a 1975

E das Alfândegas Portuguesas desde 1980

Diplomado em Services Marketing Management pelo SAMA de JHB

Licenciado em História pela Universidade Aberta de Lisboa

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

SEFARAD

SEMINÀRIO DO MEPM                                                  Set.  2008

Judeus e Cristãos Novos no Renascimento Português

SEFARAD     -      As Comunas Judaicas

J. Sá-Carneiro                                                                                                         Aluno  de  Mestrado nº 802465   UAb,  em                                          Estudos  Portugueses  Multidisciplinares

 

Como não sei bem como encetar este Tema …sem partir de um "principio", venho pedir a vossa tolerância para vos roubar alguns minutos, ensaiando umas linhas, à maneira de prólogo.

 

MITOLOGIA     -      BIBLIA-LOGIA

Os Hebreus, ao contrário do que geralmente se pensa, não são originários da Palestina. Antes decidiram, quando lá chegaram, que era ela a "terra prometida".

Os Hebreus, até onde reza a história, tiveram a sua origem na região de Ur, próxima da Babilónia, onde hoje é o Irak. Eram pastores, nómadas e iletrados, e os Babilónios aí faziam constantes razias para se fornecerem de escravos para o seu serviço, agrícola e doméstico.

O nome desse povo parece provir de Heber, um avoengo de Abrahão.

…E a tradição começa aqui: Sarah, a esposa do depois Patriarca Abrahão, era estéril, mas porque tinham grande desejo de um filho, resolveram que Abrahão o tivesse da escrava Agar. Tendo nascido uma criança, foi ela chamada de Ismael e adoptada como filho do casal. Pouco depois, inesperadamente, ficou Sarah grávida, vindo a dar à luz outra criança, a que chamaram Isaak. Sahra mandou abandonar no deserto Agar e seu filho Ismael, para que morressem de sêde, mas um anjo indicou a Agar uma fonte, o que os salvou.

Desde aí se chamam os descendentes de Isaak, Hebreus. E os de Ismael, Ismaelitas, ou Árabes. Só alguns séculos mais tarde, quando ocuparam a Judeia e o Israel, os hebreus passaram a chamar-se Judeus e Israelitas.

 

SEFAHRAD

As Comunas Judaicas em Portugal tiveram, até 1492, pouca expressão, pois que eram pobres e bastante reduzidas. Antes nos aparecem como a franja ocidental do Sefarad, judeu-espanhol que, esse sim, podemos considerá-lo uma espécie de potentado-virtual.

Um estado, que não tendo território próprio, se sobrepunha a várias nações da península, chegando mesmo, de certo modo,. a projectar-se sobre Al Andaluz, o reino moiro do sul.

Sefahrad era o nome que os hebreus davam a qualquer terra de refugio (ou Promissão) que conseguiam alcançar, e que os recebia. Já tinha acontecido duas vezes com a Palestina, E também com o Egipto, antes do cativeiro, e com a Grécia e Roma.

A partir de 70 A.D., quando o Imperador Tito destruiu Jerusalém, passaram os judeus a procurar refugio também na Ibéria, onde já conheciam Tartessus, feitoria fenícia, que hoje se chama Cadiz.. Mas a grande diáspora para a Península processou-se no inicio da Idade média, no Sec V (A.D), e o Sefarad manteve-se por cerca de 1.000 anos, até a Rainha Isabel, a Católica, no Sec. XV, expulsar os judeus de Espanha.

E o Sefarad ibérico foi o mais importante de todos. Era como que um estado imaterial, sem fronteiras demarcadas, sem governo e sem exército, …mas com enorme projecção cultural, até pela força da sua religião e, sobretudo com tremendo poder financeiro.

Os judeus do Sefarad chamavam-se Sefardis (ou Safardins ) - Os judeus do leste e norte da Europa, regiões eslávicas e germânicas, eram chamados de Askenazis.

Os primeiros hebreus a chegarem à Ibéria, eram normalmente escravos, ou de muito humilde condição, mas dado o seu comportamento ordeiro e trabalhador, foram em geral bem recebidos pelos monarcas suevos e visigodos cristãos-arianos, que depressa os empregaram em posições de confiança. Tinham por outro lado que contar com a má vontade do povo, esse normalmente de origem celtibera, que via os judeus como rivais e concorrentes. …E assim foram vivendo, na verdade  sem problemas de maior.

Porém, quando Recaredo se converteu ao catolicismo, começou uma época trágica, de perseguições religiosas, para os judeus da Espanha, de que acabaram por ser salvos por Tarik, ao tempo da invasão muçulmana de 711.

Conscientes de que, para se estabilizarem em Espanha, tinham que conseguir valorizar-se, não perderam eles tempo em se aproximar dos islamitas, a quem aliás tinham ajudado na  conquista, aprendendo a língua árabe, a aritmética de al-garismos (Sobretudo o "sistema decimal" e o conceito árabe de “Zero”,  bem com toda  a “Al-gebra”).

E com os árabes também aprenderam medicina, agricultura, arquitectura e, por fim literatura e filosofia clássicas, que os Islamitas tinham conservado e traduzido.

E, detentores do sistema aritmético árabe, rapidamente acabaram por se tornar nos contabilistas e administradores dos negócios,  e do comércio geral, e até conselheiros dos governos de alguns dos reinos cristãos, tendo-lhes por vezes sido entregue a própria cobrança dos impostos.

Puderam assim os Sefardis alcançar uma posição dominante, económica e até de certo modo cultural, que perdurou em Espanha até ao fim da "Noite de Mil anos".

Em 1492, ano da descoberta das Antilhas por Colombo, a Rainha de Castela, Isabel, a Católica, que tinha acabado de expulsar os últimos moiros de Granada, e estava prestes a conseguir unificar quase toda a Espanha,   resolveu expulsar também os seus súbditos judeus. …E aí se verifica a diáspora dos sefardis para Portugal

Como estou atrasado no seminário (Problemas de computador) e todos os colegas fizeram já trabalhos quanto à primeira fase judaica em Portugal, sobre a qual li, com toda a atenção, os Textos disponibilizados, peço agora a vossa concordância para, depois deste intróito que, embora marginal, espero que tenha tido certo interesse, pelo menos para alguns colegas, passar à situação em Portugal dos sefardis aqui imigrados de Espanha, que em muitos casos se metamorfosearam nos nossos Cristãos Novos.

Alguns vocábulos sagrados:

Tora: Lei de Moisés: A palavra de Deus

Talmud: Tratado Enciclopédico de Leis Espirituais

Mishná: Código Legislativo

Agadá: Lei Oral - Folclórica

Anús: Judeu convertido ao Cristianismo, mas que secretamente mantém a sua fé.

Cohen: Sacerdote da Sinagoga

.Ladino: Dialecto-mistura de hebraico e castelhano (ou romance), como acontece

com o Ydish, na Alemanha.

Sefardi: Judeu oriundo do Sefarad, e seus descendentes.

Askenazi: Judeu eslavico ou germânico.

Diásporas: Desterro, forçado ou não, a que o povo judeu esteve várias vezes sujeito

1400 A.C. Marcha p. o Egipto

1200 A.C. Marcha de regresso do Egipto, c/ Moisés;

586-517 A.C. Desterro na. Babilónia

70 A.D. Fuga da Palestina após a destruição de Jerusalém

(in) GEO - Editorial - Madrid - Geografia-Historia nº 132 Jan. 98

Etnologia Labor

ANGOLA CRIOULA - I

- Terá sido em 77 ou 78. Meia dúzia de refugiados portugueses, de Angola e Moçambique, à conversa num café de Joanesburgo. O José Ramalho, ex-redactor, creio que do “Noticias” de Lourenço Marques, e que estava na altura a trabalhar numa revista sul-africana chamada “To the Point”, preguntava-me porque é que o Savimbi chamava à Jamba “Capital da República Negra de Angola”. Claro que eu não sabia, ...mas fui alvitrando que talvez fosse por Angola não ser ainda...“Negra”, ...embora independente. ...Preguntou-me o que seria então Angola. Respondi-lhe que, a meu ver, Angola estava a caminho de voltar a ser crioula. “Crioula” como na verdade já tinha sido, no tempo colonial, e talvez como definitivamente acabasse por voltar a ser.

- ...Mas afinal o que era isso de “crioula”?

- Tenho um velho dicionário, intitulado “Thesouro da Lingua Portugueza”, da autoria do Dr.Frei Domingos Vieira, editado no Rio de Janeiro em 1873, que diz que “crioulo é o homem ou mulher brancos, originários das colónias”. Tambem diz que “negro crioulo é o nascido na colónia, em opposição ao proveniente do tráfico”.

O Larousse diz que “crioulo” ( creole ) é “Pessoa de raça branca nascida nas colónias”.

A Enciclopédia Britânica define “creole” como o termo que se usava, do Sec. XVI ao Sec. XVIII, para indicar pessoas brancas, nascidas na América Espanhola, filhas de pais espanhois.

O dicionário norte-americano Funk & Wagnalls diz que crioulo é um descendente de colonizador francês ou espanhol, da Luisiana ou dos Estados do Golfo e que mantem os seus especiais dialecto e “cultura”. Diz ainda que “Creole State” é o nick-name da Luisiana.

Sabemos que pelo correr do Sec.XIX se passou a chamar tambem crioulo ao africano negro que falava e escrevia o português ( Ou francês ou castelhano ) e, naturalmente, aos mestiços resultantes das duas raças. Passava assim o termo “crioulo” a definir e caracterizar uma determinada “cultura”, em vez de qualquer conceito de “raça”.

- Mas em 1942 quando, com 15 anos, cheguei a Luanda, teve esse vocábulo para mim muito mais impacto e significado que todas estas definições meio abstractas. “Crioula” era

a população angolana ( branca, mestiça ou preta ) de expressão portuguesa, que constituia a maior parte da comunidade civilizada das cidades e vilas da colónia.(Brancos nascidos lá, muitas vezes de várias gerações, mas tambem outros que para lá idos em crianças, tinham adquirido o sotaque e os modos e mentalidade dessa extremamente gentil comunidade)...E ser crioulo era um modo de estar na vida. Era fazer parte duma “Cultura” muito especial, detentora duma sensibilidade e dum encanto, que só podia ter florescido dentro da Cintura dos Trópicos. Os crioulos de Angola seriam ao tempo um milhão. Na sua maioria de raça negra, cláro. A restante população da colónia estava ainda, a vários estágios, no caminho desse processo de assimilação. ...Mas eram crioulas muitas das familias, a que felizmente tive acesso ( brancas, mestiças ou pretas ) mais consideradas de Luanda. ...Nunca vi nin-guem receber melhor em sua casa! ...E, quando se abeirava o fim do ano, disputavam-se os seus convites para as festas de Réveillon. ...Meu Pai, chegado um ano antes, explicava-me todo aquele esquema social. Dizia-me que Cabo Verde não era a única colónia portu-guesa crioula. Que tambem Angola o era, embora aí se falasse um português muito mais próximo do europeu do que o dialecto caboverdiano.

Dizia-me ainda que essa população crioula, se um dia Angola viesse a ser um País independente, seria a sua grande vantagem face a qualquer outro estado africano. ..Levou-me ao que chamou a Capital Crioula de Angola - Benguela - , onde havia muitos senhores brancos casados com senhoras pretas, mas o contrario tambem ali com frequência acontecia.

- Voltei a Benguela pelo final de 1991 e passei o Réveillon no Sporting.

...O cenário social era exactamente o mesmo que eu conhecera cincoenta anos antes.

ANGOLA CRIOULA - II

É evidente que havia outras comunidades civilizadas em Angola naquele tempo. A dos fun-cionários públicos em comissão de serviço, por exemplo: o caso de meu Pai. Mas a apro-ximação era extremamente fácil, e assim me foi possivel beneficiar das duas culturas, o que ainda hoje considero das melhores benesses que a vida me deu.

...Mas essa maravilhosa Cultura Afro-Portuguesa, que tinha feito o Brasil e que tão cara-cteristica e vigorosamente se fazia sentir quando conheci Angola, estava condenada, sob as vagas sucessivas de neo-colonos dos anos 50 e a ocupação militar dos 60 e 70, a quase se extinguir. Pouco a pouco foi-se diluindo. Os seus mais caracteristicos representantes foram desaparecendo, e esse tão simpático “modus vivendi tropical” foi-se quase por com-pleto submergindo. ...Como lingua, não chegara sequer a ser um dialecto, ...mas era um português dum muito peculiar sotaque, doce e cantante. ...Era “música”! ...E já quase que não se ouvia falá-lo. ...Como Cultura? ...Não me será fácil expressar essa cultura crioula, muito mais de sentir do que de compreender, ...que, para alem da nossa de por-tugueses, nos dava acesso a outras regiões do entendimento, ...que nos transportava a uma espécie de “euforia lúcida”, ...que nos levava a um melhor relacionamento com tudo e com todos e a achar que, à nossa volta , todas as coisas e todas as situações eram fáceis e per-feitamente naturais.

...Raças? ...Acho que ninguem falava de raças naquele tempo. ...Ou se falava era sem acinte nem maldade. Toda a gente se ajudava. ...Se o branco era “paternal”, ...juro-vos que isso não iria de modo algum ofender o preto, antes pelo contrário. ...Ninguem era estúpido!

E a posição inversa tambem se verificava: Eu, por exemplo, posso dizer que fui tratado com natural paternalismo por um Senhor preto, funcionário das alfandegas, naquele tempo patrão das lanchas, que se deslocavam aos navios nos dias de “S.Vapor”, e que se chamava Antonio Pitra. Foi ele que me ensinou a pilotar barcos e guiar automóveis, bem como muitas e muitas outras coisas, que sempre me serviram durante os perto de 40 anos que vivi em África.

Quando em 1991 voltei a Luanda, o Pitra convidou-me para almoçar em sua casa, no Bairro do Cruzeiro. Era uma daquelas casas grandes, com varanda colonial, que eu tinha conhecido, no tempo da colónia, como residencias dos altos funcionarios.

Em redor da enorme mesa estavam 7 ou 8 dos seus filhos e filhas, quase todos formados, em medicina, em direito, etc. Ele à cabeceira e à sua frente a Dona da casa, que eu tambem conhecia desde garoto. Fiquei ao lado do Pitra e durante todo o almoço (muamba) ele não me largou o pulso, obrigando-me quase que a comer só com uma mão, ...e era bem visivel a sua comoção enquanto conversavamos. ...Infelizmente estava com oitenta e muitos, e morreu no ano seguinte.

Se aceitamos que uma “cultura” é na verdade como que um “permis de conduire” dentro duma “civilização”, então a Cultura Crioula de Angola era o Permis que tanto servia para nos guiarmos ( Pretos, Mestiços ou Brancos ) pelos “Arruamentos de Civilização”, que para ali tinham sido transplantados , como pelas “Bárbaras Sendas do Mato”, que tanta felicidade e tão generosa liberdade transmitiam, e das quais sentimos hoje a mais dolorosa saudade.

...E essa “cultura” perdurou! E há assim que reconhecer que a enorme supremacia ( moral e intelectual ) de Angola sobre a maioria dos outros novos paises africanos, provem exa-ctamente dessa sua formação cultural Afro-Lusa, ...tão forte, ...tão intima, e tão única em todo aquele Continente.

...E eram estes “angolanos de cultura crioula”, na variedade exuberante das dua raças e suas combinações - inesperadamente ressurgidos, de todos os lados, no momento fulcral da independencia - que eu dizia ao jornalista José Ramalho terem sido os verdadeiros herdeiros dos portugueses. ...Dessa herança que se chama Angola!

...Claro que Angola Crioula é muito mais que tudo isto. ...Só tentei dar uma ideia!.

ANGOLA CRIOULA - III

Sabemos contudo quão dificil tem sido a consolidação desta”civilização crioula” em Angola.

...Dificuldade que irá persistir até ao momento em que o País inteiro possa sentir que é afinal crioulo tambem. ...E que seja capaz de enfrentar, e vencer, as poderosas correntes internacionais que gostariam de ver instalar-se em tão rico e portentoso território outras “culturas” mais fáceis de “manipular” ...e “espoliar”!

( Tambem muitas vezes nos queixamos de que os crioulos não trataram com a esperada fraternidade muitos portugueses, ...”que lá podiam ter ficado”! ...Mas não nos esqueça-mos de que naquele momento não eram eles que tinham “a palavra”....E de que, de certo modo e em várias fases, tambem a eles Portugal abandonou. ...Não esqueçamos que mui-tos e muitos foram, tal como nós, obrigads a exilar-se. ...Que outros terão sido tragica-mente imolados pela tremenda confusão que se seguiu à independencia...E muitos continu-am ainda a sacrificar-se, todos os dias, tantas vezes até à morte, ...afinal para que Angola continue a ter essa Cultura Crioula-Portuguesa, ...que sempre sentiram ser a sua. )

Fala-se, com declarado entusiasmo, dos PALOP’s. ...E concerteza que tentar promover uma união de povos pela sua afinidade fonologica será sempre iniciativa de louvar, bem como todo o movimento que daí se gerou. ...Mas lingua, só por si, pouco significaria sem a forte envolvente, e o apoio, duma “cultura”, da qual ela seja a forma natural de expressão. ...Acabaria fatalmente degenerando numa espécie de oco brouhaha, ...como tantas vezes acontece.

...Em Moçambique, por exemplo, tambem ficou a lingua, mas não ficou a “cultura”. ...E isso porque na realidade nunca lá existiu aquilo a que podemos chamar uma comunidade crioula. E até que uma lingua, desprovida da sua correspondente entourage cultural, está condenada a rapidamente desaparecer.

...Todos sabemos perfeitamente que aquilo que poderiamos classificar como “real e genui-na cultura portuguesa”, a nossa cultura europeia, ...essa não ficou em parte nenhuma! ...Não em Macau, ...nem na India, ...nem no próprio Brasil ( Afinal tambem basicamente formado por estados crioulos, equivalentes à Luisiana ).

O que, por toda a parte, deixámos foram culturas mistas, de base portuguesa, é verdade, mas muito mais adaptadas aos diferentes cantos do Mundo por onde as soubemos espalhar, e onde, nalguns casos, irão perdurar ainda por séculos.

(...Talvez que Cabo-Verde, apesar de todas as carências, possa ser considerado, em seus aspectos social e cultural, como um perfeito exemplo do sucesso “luso-crioulo” em África )

...Penso que, tanto como a Lingua, é essa Cultura que sempre ligará Angola a Portugal.

Não estou à altura de aqui referir aspectos artisticos ( Pintura, escultura, música, etc.) ou literarios, por exemplo, em que sabemos ser a cultura angolana original, exótica e profusa.

...A abordagem de componentes religiosas desta cultura, que se coloca para alem das mi-nhas capacidades, essa deixo-a para quem quiser prosseguir com tão aliciante proposta.

...Resta-me agora tomar a liberdade de lançar, daqui, das colunas desta Revista, o meu repto e convite àqueles que sabem e podem explicar esta “Angola Crioula” muito melhor do que eu, para que o façam! ...Porque me parece extremamente importante fazê-lo! Creio que, de certo modo, isso viria ajudar um pouco a corrigir certos conceitos e a reequacionar determinados problemas, ...sempre com vista ao dificil objectivo de aclarar no possivel as desastrosas dúvidas em que aquele sacrificado País continua a debater-se.

E esse vosso contributo, que visaria, como primeira etapa, reconhecer e definir uma “Cul-tura Angolana”, poderia afinal vir a ter relevante importancia para o futuro de Angola e o reforço dos seus laços com Portugal, e para o arranque definitivo dum verdadeiro Projecto Conjunto, que só poderia trazer vantagens e felicidade aos nossos 2 Paises.

José Antonio de Sá Carneiro                                               Dez. 2000

O DESEMPREGO IV

Sacudindo mais uma vez a tal bandeira negra, permitimo-nos agora apontar uma outra causa do Desemprego, também esta devida à tal ( inevitável em economia próxima, mas fatal a longo prazo ) ideia muito em voga da "rentabilidade":  A abertura do Ocidente à exportação Chinesa!

…Claro que, se o importador europeu ou americano, pode adquirir, por metade ou um quarto do preço, toda a espécie de mercadoria, não a vai pagar muito mais cara quando de fabrico ocidental, ainda que a qualidade, por enquanto, seja um pouco melhor.

…E, substituído o GATT pelas regras da OMC, até que já ninguém se preocupa com o Dumping. …De resto, como controlar o dumping chinês? …Mas o dumping serve só para o lançamento, porque depois dos mercados confirmados, acaba-se o dumping.    …Lembremo-nos do que se passou com o Japão, …que era baratíssimo, e agora é mais caro do que o Ocidente …e Vende!       E Vende porque, com trinta anos de exportação barata, conseguiu aprimorar a qualidade.

…É sempre a diabólica febre do Lucro, da tal Rentabilidade! O Ocidente vendeu à China os primeiros computadores ( Como já o tinha feito com o Japão).

…Vendeu-lhe toda a série de modernos Processos de Fabrico, todas as Novas Tecnologias!

…E agora chora o Desemprego! …Porque parece que a Rentabilidade do Momento é a Miséria do Futuro.

Outra causa: "Os Pequenos Dragões" - Taiwan, Coreia-Sul, Tahilandia, Malásia e até Filipinas e Vietnam - Dizia-se que esses pequenos países asiáticos, despertados da sua letargia de séculos, estavam agora a produzir tudo e mais alguma coisa , de boa qualidade e a preço irrisório.

A verdade era outra, muito diferente: Os industriais e capitalistas norte-americanos tinham descoberto a óptima e baratíssima mão-de-obra do Oriente.

E, secundariamente, queriam evitar nos USA problemas de poluição, aérea e de lixeiras, de impostos, das greves dos sindicatos, etc.  O preço dos terrenos para as instalações, e também a sua construção, eram no Oriente extremamente mais baratos, até porque esses países queriam lá ter industrias.

…E pronto! Foi só mudar as fábricas. …Daí para a frente era tudo fácil.

…Se, uns anos depois, viessem a ter problemas nesses países, ofereciam, grátis, as fábricas, em geral já nessa altura obsoletas, e iam para outro Dragão…

Ainda o Petróleo: Dissemos, num artigo anterior, que a actual "Divisa Forte" já não era o Dólar, nem sequer o Euro. Mas sim a Gasolina (Seja o Petróleo).

…E o esquema é simples: ( Isto em linhas gerais, porque as razões de fundo estão fora do nosso alcance.)

As "Seven Sisters" - São constituídas pela Móbil, Gulf, Texaco, e as Exon e Chevron ( Resultantes da divisão em 2 da Standard Oil, imposta pelo Governo Federal USA, por ser grande demais). E ainda a inglesa B. P. e a holandesa Shell (Que hoje já é na sua maior parte também N. Americana, embora a Família Real da Holanda ainda detenha uma parcela, pois que a fundadora tinha sido  a  rainha Guilhermina).

As Seven Sisters dominam por completo a Economia Mundial.. Elas são as grandes Gasolineiras do Globo, mas se aceitarmos que a verdadeira Moeda é o Petróleo, então elas são também os maiores Bancos do Mundo.

Por férreo Contrato entre as 7 Sisters, o Governo Federal USA e a OPEP, reconhecido por todo o Universo, só se pode vender (ou comprar) petróleo em Dólar.

Assim a Europa, a América Latina e todos os restantes Países são obrigados a obter Dolares para comprar gasolina. …E nunca se saberá até que ponto são esses Dólares reais ou virtuais. Pois podem ser simples expressões numéricas que nos chegam através da Internet, por exemplo, ou qualquer outro meio electrónico.    …Mas para conseguir esses dólares, reais ou não, têm os europeus, e os outros, que se matar a trabalhar ( Na industria, fabricando automóveis, p.ex., ou na agricultura, produzindo café, etc.) que exportam para os Estados Unidos da América. Mais tarde, quando recebem o petróleo, voltam esses Dólares (Reais ou virtuais) para lá. …E assim nunca saberemos se eles alguma vez existiram , …ou se simplesmente eram só um "vale".

…E é para podermos queimar essa gasolina, que corremos o dia inteiro nos nossos automóveis, como "baratas tontas", de um lado para o outro, quando com a facilidade de comunicações de que hoje em dia dispomos, havia com certeza mil maneiras de o evitar.

E ASSIM VAMOS TROCANDO TODO O NOSSO TRABALHO, TODO O NOSSO PENOSO ESFÔRÇO, POR ESSA TAL POLUENTE GASOLINA.

EM VEZ DE O CONDUZIRMOS PARA INVESTIMENTOS QUE, COMO É EVIDENTE, PODERIAM AJUDAR O DESEMPREGO...

O DESEMPREGO III

Já que me arvorei em porta-bandeira deste combate do "desemprego", deixem-me que continue, decididamente, a agitá-la, pois cada vez estou mais convencido de que tal combate irá ser, muito possivelmente, o maior que a Civilização já teve que travar..

E o pior é que parece estarmos todos a incorrer numa "falsa ilação", ao pensarmos que criar mais Emprego pode resolver o problema do Desemprego, sem percebermos que ele é, na verdade, Inevitável. …Que só 10 a 20% da humanidade poderá ainda ter "trabalho". Os restantes não são precisos, e só viriam atrapalhar. …Só os vocacionados!

Por outro lado, se fosse criado mais emprego, face aos actuais gigantescos "meios de fabrico", isso iria gerar "uma sociedade ainda mais consumista", o que seria incomportável.

Acho é que temos que aceitar e estabilizar o Desemprego, que só terá tendência a aumentar, e tomar o "desafio" doutras maneiras.

Claro que não sabemos como, …mas sentimos que todo o "aparato social" em que vivemos tem que ser remodelado. Talvez passando a trabalhar só 2 ou 3 horas por dia. Ou funcionando por turnos, que se renderiam..

Mas isso sem aumentar as deslocações, sobretudo de automóvel, à fábrica ou ao escritório. Para não irmos aumentar ainda mais o angustiante tráfego que já temos, e as suas resultantes poluição e despesa. …Além do risco de desastres.

A Internet, ou quaisquer outros meios de comunicação à distância, poderiam ajudar em muito. Até no comando de máquinas. …Porque não "Cibernética online"?

E esse problema das constantes "deslocações" e, sobretudo, o do excessivo "tráfego automóvel", será a 2ª Batalha a travar, e que se segue imediatamente a esta do "Desemprego", pois que afinal são ambas resultantes do estupidíssimo e aberrante modo de vida em que, insensivelmente, a pobre Comunidade Ocidental se abismou.

A 3ª Batalha, que deriva e se coliga, com as duas primeiras, essa será a da Gasolina (Seja do Petróleo).

Como é que ainda não se compreendeu que a "Moeda-Forte" do Capitalismo já não é o Dólar, nem sequer o "Euro", mas sim a "Gasolina"?.

…E é assim que voltamos ao "Negócio por Permuta" dos Primórdios da Humanidade!

Quando vejo na TV o louco tráfego das horas-de-ponta, sinto-me a viver numa "Civilização de Baratas Tontas", que correm para a frente e para trás, como idiotas, afinal para encher os cofres dos "Patrões das Gasolineiras", na verdade Patrões de Tudo

Não faz qualquer sentido que numa época de tão fácil comunicação (Internet, por exemplo) se faça tão estúpida deslocação automóvel, conhecendo-se as suas terríveis consequências , de poluição e acidentes.

Para depois as estatísticas virem dizer que os Automóveis matam mais gente do que as Guerras.

…E ISTO SÓ REFERIDO AOS DESASTRES, SEM SE FALAR NO CÂNCER!

VIGILIA - Na Noite em que faltou a Luz Eléctrica

( REFERIDO  A  MÁRIO  DE  SÁ-CARNEIRO )

Acontece que sou primo direito do poeta Mário de Sá-Carneiro.   E quando digo isso as pessoas acham estranho, e corrigem-me: Sobrinho! …Neto?…                                                                                         -Não.   Sou exactamente primo direito. O Mário era filho do meu tio Carlos Augusto, o irmão mais velho do meu pai. É verdade que o Mário nasceu em 1890 e eu em 1927. Daí a estranheza. O tio Carlos nasceu em 1870 ou 71. Sei que só tinha mais 19 anos que o filho. Naquele tempo era assim.

E o meu pai, Vasco, viu a luz à entrada do  século XX.

O Carlos era filho do primeiro casamento do meu Avô José Paulino de Sá Carneiro Júnior. Tendo acabado engenharia-militar, e casado ainda muito novo, veio sua mulher a falecer pouco depois, com o Mário ainda bê-bê, o que ele não conseguiu suportar, pelo que arranjou um lugar no Caminho de Ferro de Lourenço Marques. O Mário foi criado pela minha Avó Maria da Anunciação, que o adorava. O tio Carlos poucos anos depois era director dos Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique, e creio que só voltou em definitivo para Portugal já depois do suicídio do Mário, em Paris, em 1916.

                                       ___________________

Eu vivia em Luanda desde 1942, para onde tinha ido com minha mãe, Pilar e minha irmã Lacas, pois que o meu pai lá tinha sido colocado, como Director das Alfândegas, no ano anterior.

Quando fui chamado para o Serviço Militar, em 1947, como tinha um brevet de PPA, requeri para fazer a tropa na Força Aérea, em Portugal, pois não existia em Angola. Requerimento deferido, vim para Lisboa, mas não consegui ingresso naquela Arma, e acabei a servir em Infantaria,

…Não foi mau! Depois da Escola de Sargentos Milicianos, fui parar a Lagos, ao Batalhão de Caçadores 4.

Na pensão de Lagos conheci o Antero Campos de Figueiredo, ali professor do Liceu, e filho do célebre Reitor da Universidade de Coimbra.

O Antero tinha mais dez anos do que eu , mas era muito simpático e conversador. Tinha um pequeno barco à vela e convidou-me algumas vezes para umas voltas. Era um intelectual, literato, extremamente versado em Pessoa e Sá-Carneiro. Quando lhe disse que era primo do Mário ficou encantado, e passámos alguns serões a falar e até a recitar os dois poetas. Mas quando uma vez afirmei que eles às vezes eram muito parecidos, discordou profundamente. E afiançou-me que distinguia perfeitamente os estilos, nunca os podendo confundir. Tive que me calar !

Mas uns dias depois, ao jantar, na pensão, pus um ar entusiasmado e anunciei que tinha "uma coisa para lhe mostrar: Uma pequena poesia, que a minha Avó me mandou, e que ela própria não sabe se é do Mário ou do Fernando Pessoa" ( Que, em vida do Mário, era visita assídua lá de casa.)

Quando lha mostrei disse logo: "A letra não é de nenhum deles".

"Pois não, a letra é minha, A folha vinha escrita à máquina e já a devolvi".

Leu e releu atentamente, virou-se para mim com um ar muito sério, e declarou: "Não tenho a menor dúvida! Isto é Sá-Carneiro, …genuíno. Mas ele devia ser muito novo quando escreveu esta poesia, pois a forma é ainda incipiente. Mas é Sá-Carneiro de certeza". E levantou-se para recitar.

(Tenho que deixar aqui uma nota: O pai do Mário, tio Carlos, além de engenheiro, tinha o fraco das engenhocas. Teve automóvel, quando isso era ainda uma raridade, importou um dos primeiros esquentadores a gás, gramofones e até um grande gerador eléctrico, com que iluminava a quinta de Camarate, acabando por fornecer luz grátis aos vizinhos ali à volta.

O Mário gostava muito de fazer retiros na quinta, sobretudo para escrever. Mas queixava-se à minha Avó que, quando o gerador tinha avarias, como o pai estava em Moçambique, era muito difícil vir alguém arranjar a luz.).

 

VIGILIA                                    

Na noite em que faltou a luz eléctrica

E se acenderam nos castiçais as velas

Os duendes entraram pelas janelas

E vieram rodear-me no salão

 

Um tom vago de medo veio então   

Envolver os  reposteiros  vermelhos                                                             

E a projecções difusas pelos espelhos

Sinistraram-se os ornados de oiro

 

(Oh minha sorte,  minha sina  e meu agoiro!)

 

Mas afinal qual foi o mal que fiz?                                                         

Porquê o bom menino, que eu era                                                           

Ser tratado agora como fera                                                                           

E julgado nessa noite,  sem juiz?

 

…E daqui do meu salão acolchoado                                                            

A damasco, com flores de lis,                                                                    

Fiquei a vê-los a transmigrar meu ego                                                    

Para esse “Mundo Astral”, que nunca quis

 

(Meu”Intelecto” transmutado em “Alma”                                              

Já nem mesmo no Mundo Astral se salva!)

                                           ______________  

Há uns dias, a remexer em livros, encontrei, dobradinha, dentro de um deles, a tal poesia, acima transcrita, que o Antero recitou.

E então comecei a relembrar, com carinhosa saudade, aquela disparatada brincadeira:        

Quando o Antero, muito solene, acabou de recitar, eu já estava quase sem coragem para lhe dizer a verdade. …Mas tinha que o fazer!

"Oh Antero, é verdade, é Sá Carneiro com certeza, …mas não é do Mário!"

Ficou a olhar para mim com um ar espantado: "Mas há mais algum?"

"Não, poeta não há, …mas foi este aqui, …fui eu que a escrevi ontem à noite, …só para me meter consigo".

Quase que me matava, mas depois foi abrandando e acabou por me dizer que ia publicar a poesia na revista da Universidade de Coimbra.

“Oh Antero, nem pensar, isto não presta para nada! Isto é só uma brincadeira, que eu fiz para nos rirmos um bocado. Uma baboseira sem qualquer valor! …Fui buscar umas imagens à maneira do Mário: ´Transmigrações', 'ornatos de oiro´, etc. …e já estava! “

“…E nunca iria tentar publicar poesia só porque era primo do poeta!

…Sá-Carneiro, há só um!"

…Lá acalmou.

Poucos dias depois troquei Lagos por Mafra, onde acabei o serviço militar.

Encontrei o Antero Campos de Figueiredo duas ou três vezes em Lisboa,

E depois voltei para Angola.

Espero que ele ainda esteja em vida, mas terá 92 anos.

…É com muita saudade que recordo esses tempos.

Cascais, 22. Out. 2009

Zé Sá-Carneiro

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

O PAÍS QUE VIA PASSAR OS COMBOIOS

Nunca fui particularmente admirador do cinema Norte-Americano, ...exceptuando

-se, claro, as fitas de “cow-boys” e de “gangsters”, duas imagens que animaram a

meninice de todos nós, ...e cuja recordação ainda será capaz de nos enternecer.

...O “cow-boy” era a imitação e tradução da imagem do ”vaquero”, mexicano ou

argentino, ...pois como se sabe nas Américas não havia nem bois nem cavalos e

foram os espanhóis (Tal como nós p. o Brasil) que os levaram para lá, uns bons

200 anos antes dos norte-americanos "anexarem" os “territórios do gado”: Texas,

Novo-México, California, etc.

...O “gangster”, essa sim, era uma imagem genuina e tipicamente norte-americana.

Não obstante apareciam por vezes filmes USA, de excepcional qualidade, e de que

verdadeiramente gostei. Recordo-me, por exemplo, de “O homem que via passar

os comboios”. Esse filme fez época e creio que a todos agradou..

A mim impressionou-me profundamente!...

...Mas afinal tudo isto a propósito de quê?

...Acho que foi com a mente no T.G.V. que comecei a cismar!

...E isso porque se continuarmos todos a cismar com o TGV, ...ficará Portugal

conhecido, na que se chamará “História do Progresso e das Tecnologias”, como

“O País que viu passar os Comboios”!

...Desde já confesso que adoro comboios, ...mas não percebo nada do assunto.

...Entretanto há outras coisas que tambem não percebo! ...Por exemplo:

Porque é que todos os nossos técnicos, ou politicos, que abordam o Tema TGV,

falam das verbas astronómicas que é preciso dispender em “Material Circulante”,

e ninguém tenta sequer “avançar” com a ideia de simplesmente nos limitarmos

a construir a “Ferrovia”?

Claro que é completamente impensável que um turista, ou homem de negócios,

venha de Paris ou Berlim em Alta-Velocidade, para depois, na fronteira de

Valença do Minho ou Elvas, ser forçado a mudar para um comboio-ronceiro,

ou um autocarro, para chegar ao Porto ou a Lisboa.

Mas então é das “Linhas “ que precisamos, ...não do “Material Circulante”, ...

...que pode ser Estrangeiro!

À semelhança do que se passa com os Navios de Cruzeiro e Aeronaves, que nos

trazem os Turistas, e que são de todas as origens, sendo nossos os Portos e os

Aeroportos, tambem os Comboios podem ser estrangeiros, e a Ferrovia nacional.

...A verdade é que mover as terras para preparar os “leitos” e montar os “carris”,

...isso sabemos nós fazê-lo desde o tempo do Ministro Fontes Pereira de Melo.

...E mesmo que os novos “rails” sejam mais sofisticados, seremos com certeza

capazes de facilmente aprender a instalá-los. ...Afinal o que é preciso é que os

Turistas cheguem rapidamente a Lisboa ou ao Porto. ...E, se possivel, a Faro!

...E, para cumprir o Tânsito Interior, bastar-nos-ia implantar uma Linha Norte-Sul,

estabelecendo-se duas modalidades de Circulação (Internacional): Uma a entrar

pelo Norte e a sair por Elvas ...ou Algarve, e a outra em sentido inverso.

Evidentemente que importar (Ou até, talvez, construir) Locomotivas e Carruagens

e fazer a sua rigorosa e complicada “manutenção”, será um “negócio chorudo”,

...mas deixemo-lo para mais tarde, ...para quando houver “dinheiro”!

...Para já o que interessa é fazer a “Ferrovia”!

...Senão nunca veremos “passar os Comboios”!

O DESEMPREGO II

O Tema é de tal modo grave que me sinto coagido a voltar a agitar, com todas as minhas forças, a tal bandeira negra com que resolvi representá-lo, até que consiga chamar a atenção dos sectores responsáveis, ao menos da comunidade que me rodeia, só lamentando não poder chegar mais longe.

É que o Problema do Desemprego está a ser encarado duma Falsa Maneira!
Claro que seria dos maiores consolo e conveniência conseguirmos criar mais empregos.
Mas, muito para além disso, o aflitivo é que o desemprego vai manter-se, vai ampliar-se, cada vez mais, como um fenómeno aterrador, mas natural, que não podemos evitar, porque ele é precisamente o resultado do progresso e do desenvolvimento que a civilização atingiu.
O Desemprego veio para ficar.
E a sua permanência é inevitável.

E este é um assunto que já devia ter sido defrontado, pelo menos, desde o início do Milénio.
Porque num esforço para ir mantendo o emprego, nestes últimos anos, acabou-se por produzir demais, por fabricar demais, com péssimos resultados.
Antes da última Grande Guerra, pelo menos no ocidente, a agricultura e as industrias – Sectores Primário e Secundário – ocupavam cerca de 60% das existentes forças de trabalho. Hoje, com o grau atingido pela motorização e maquinização, de tudo quanto há, parece estarem já no caminho dos 10%.
Mas tinha ficado de fora o sector dos Serviços.

O Terciário, que continuou a empregar muita gente.
Presentemente, com a adopção das electrónicas e das informáticas, em suma, dos computadores, evidentemente que imenso emprego terá também que ser dispensado, e isto sem hipótese de remissão.
Mas as pessoas precisam de viver: Abrigo, Alimentação, Higiene, etc.
E a solução romana do Pão e Circo já não se adapta.
Já não podemos resolver o problema com Pensão de Sobrevivência e Foot-ball.
Estamos novamente, em moldes um pouco diferentes, perante o ameaçador Espectro de Malthus.
Mas então cabe aos nossos Maiores; aos Estados, ao Banco Mundial, MFI, ao G-20, etc. resolver a situação. Têm que ser criadas novas Culturas, novos Esquemas Sociais, até mesmo iniciar uma nova Civilização. Porque do que existe…nada serve.

ACABEMOS COM OS PALIATIVOS E ENFRENTEMOS O FUTURO !

O DESEMPREGO I

De todas as bandeiras negras que se agitam pelo meio desta pavorosa crise económica e financeira que atravessamos, e de que talvez nunca mais consigamos sair, a mais desfraldada e sacudida é com certeza a do Desemprego.
Todavia parece falar-se do "desemprego", como se fosse um flagelo passageiro que, quando passar ou abrandar a crise, também ele irá acabar ou pelo menos diminuir.

Ora a verdade é que "o desemprego veio para ficar", e nunca mais voltaremos aos velhos tempos do século XX, em que se achava normal que toda a gente tivesse um emprego, e em que se apontava um "desempregado" como se tivesse sido atingido por um fenómeno abominável, que a sociedade, pelo menos a ocidental, não devia admitir, e cuja razão de existir era atribuída à avareza do patronato, ou à incompetência dos governos.
O facto é que começa a reconhecer-se que, perante as tais "modernas tecnologias", a total motorização de tudo quanto há, as electrónicas e as informáticas, etc., dentro de meia dúzia de anos, senão desde já, teremos que ter a honestidade de revelar às pessoas que só há trabalho para uns "10% da população", hipoteticamente válida, pelo menos, dos países do Ocidente (Europa e América) …Isto é chocante , …mas é real!

E os governos têm que começar a tomar medidas para reorganizar os estados noutros moldes, reformar as constituições, revolucionar todo o esquema social e económico.
Só os mais aptos e vocacionados poderão "trabalhar". …Os outros não são precisos.
E acabarão por ficar numa situação semelhante à do proletariado romano ao tempo do Império, que só servia para fornecer soldados quando havia campanhas militares.
Também agora terá que lhes ser dado "pão e circo". …Isso, claro, em moldes modernos. …E é assim que fatalmente terá que ser!
Acabou-se a tola ilusão em que temos vivido!

…E até talvez que as mulheres possam voltar para casa, …onde são tão necessárias, para educar os filhos, pois que, com a actual situação, as crianças estão, dum modo geral, a transformar-se em verdadeiros selvagens. Também para que se possa deixar de atirar os idosos para os "depósitos de velhos", que é outro dos horrores do nosso tempo.
Não é que as mulheres não possam fazer o trabalho dos homens. …Claro que podem!
...E, nalguns casos, até muito bem. …Mas para quê? Se fazem falta, …e não é preciso!
Seria um enorme bem para o Mundo voltarmos à tradicional Família a 3 Gerações: Avós, Filhos e Netos, isto é, toda a Família Viva reunida. Precisaríamos de casas um pouco maiores, mas resolveríamos imensos problemas. …E sairia mais barato do que pagar Casa, Empregada, e "Lar". …Além da enorme poupança em transportes.
…Afinal não podemos viver eternamente nesta provisória Economia de Guerra, que já vem de 1914, pois que toda esta infeliz desorganização começou na 1ª Guerra Mundial.
...Até aí os homens trabalhavam no exterior, e havia ocupação para quase todos, embora a grande maioria, fosse geralmente mal paga, pois que tinha tarefas pouco qualificadas, na lavoura ou nas industrias, feitas manualmente e ocupando muita gente.
…E as mulheres trabalhavam em casa., …E não se sentiam infelizes por isso.

Mas porque a guerra obrigou os homens a irem combater, foram chamadas as mulheres para as tarefas que eles deixaram.
E isto teve começo e a expressão máxima na Grã-Bretanha, onde de um dia para o outro apareceram as londrinas a conduzir ónibus, comboios, e até os barcos do Tamisa.. …

E como tudo isso coincidiu, praticamente, com o sufrágio feminino, ninguém conseguiu, depois da guerra, fazê-las voltar ao lar.