terça-feira, 5 de janeiro de 2010

PITHECANTHROPUS / ANTHROPITHECUS

(Este “Versus” não é Antagonismo. É só Diferença.)

                                                                                                            O Pithecanthropus foi o mais evoluído de todos os Macacos.                                                                                      O Anthropithecus foi o primeiro Homem. 

No inicio da criação eram muito parecidos.  Ambos tinham  grandes dentes,  unhas quase como garras e pêlo comprido.   Ambos se alimentavam de frutos e raízes.       Os dois comunicavam por guinchos.    E ambos trepavam às árvores quando chegava o Leão.    Era quase nula  a diferença entre eles,  e os outros animais viam-se em dificuldade para os conseguir distinguir.

Porém  enquanto o  Pithecanthropus  ( macaco-homem) cristalizou na sua primitiva fórma mental, e ainda hoje é o mesmo bom macaco de sempre,  o Anthropithecus  (homem-macaco)  lançou-se numa  contínua evolução cerebral (e até mesmo anatómica, no seu geral) a qual nunca mais parou.

E aqui temos que rever a Teoria do Transformismo do francês Lamarck, que nos parece bem mais fácil e natural que  a outra, da Evolução das Espécies, de Darwin, sendo até a francesa  60  anos mais antiga.

Mas afinal como conseguiu o Homem uma tal evolução?     

Acumulando, de geração para geração, através dos séculos e dos milénios, mais e mais conhecimento. Transmitia-o primeiro pela palavra, depois pela escrita.  Hoje transmite-o pela electrónica.      

Ao mesmo tempo ia mudando  os seus hábitos, o que acabou por levar à estilização da sua anatomia.

E assim,  após todos estes milhares de anos,  a adir cada vez mais e melhor sabedoria, veio finalmente a  acabar  por  se  tornar  abissal  o  fosso  que agora separa os dois primatas.

Aprendeu a dominar o transporte, pela terra, pelo mar e pelo ar, conseguindo até já movimentar-se através do espaço exterior.                            

É também capaz, e de modo muito avançado, de manipular a comunicação, em som e em imagem, ultrapassando afinal a  espantosa  “transmissão do pensamento” à distância,  considerada “bruxaria” ainda há pouco mais de cem anos.

Mas a maior das suas realizações parece-me  ser, na verdade, essa de proceder ao registo  do  seu  comportamento através dos tempos: …A História.  

E depois, embora com muito menos segurança, a de conseguir, na medida do possível, planear o seu futuro.                                                      

E, graças a estas faculdades, de memorizar o passado e projectar o futuro, consegue o homem  “viver  no infinito dos tempos”,  enquanto que as outras espécies, sem pretérito, nem porvir, são obrigadas a só “viver” os curtos “ápices” das suas breves vidas.

Em suma:  A enormíssima “vantagem” do Homem  sobre os outros animais é a de ser ele o único que tem HISTÓRIA.

Por outro lado não pode o Homem engalanar em Vaidade,    …porque tudo o que conseguiu, até agora, é ainda extremamente pouco:

Mal conhece, por exemplo,  o seu próprio corpo, que só muito recentemente, pela descoberta do ADN, começa a ser revelado.    …Não  consegue controlar a maior parte das doenças.   Não é capaz, de um modo quase geral, de resolver os problemas  económicos e até alimentares da Humanidade.

Arquitectou mil Teorias Filosóficas, …porém  não logra, de forma alguma, alcançar o menor conceito, nem em “espaço”,  nem  em  “tempo”,  do que  seja uma “Teoria do Infinito”.

E,  sobretudo,  é completamente incapaz,  fóra dos termos das gnoses religiosas,  de construir  a mais pálida das concepções de uma Ideia de DEUS. 

O Anthropithecus ainda tem um longo percurso a percorrer!                                                                                

Mas porque irei eu  começar o Ano com macaquices?

Talvez pelo eterno receio de que algum  Pithecus mais desembaraçado  ponha uma gravata e se meta entre nós, a provocar ainda mais confusão do que a já existente.

      Cascais, o5  Jan. 2010                   J. Sá-Carneiro

                    

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