(Este “Versus” não é Antagonismo. É só Diferença.)
O Pithecanthropus foi o mais evoluído de todos os Macacos. O Anthropithecus foi o primeiro Homem.
No inicio da criação eram muito parecidos. Ambos tinham grandes dentes, unhas quase como garras e pêlo comprido. Ambos se alimentavam de frutos e raízes. Os dois comunicavam por guinchos. E ambos trepavam às árvores quando chegava o Leão. Era quase nula a diferença entre eles, e os outros animais viam-se em dificuldade para os conseguir distinguir.
Porém enquanto o Pithecanthropus ( macaco-homem) cristalizou na sua primitiva fórma mental, e ainda hoje é o mesmo bom macaco de sempre, o Anthropithecus (homem-macaco) lançou-se numa contínua evolução cerebral (e até mesmo anatómica, no seu geral) a qual nunca mais parou.
E aqui temos que rever a Teoria do Transformismo do francês Lamarck, que nos parece bem mais fácil e natural que a outra, da Evolução das Espécies, de Darwin, sendo até a francesa 60 anos mais antiga.
Mas afinal como conseguiu o Homem uma tal evolução?
Acumulando, de geração para geração, através dos séculos e dos milénios, mais e mais conhecimento. Transmitia-o primeiro pela palavra, depois pela escrita. Hoje transmite-o pela electrónica.
Ao mesmo tempo ia mudando os seus hábitos, o que acabou por levar à estilização da sua anatomia.
E assim, após todos estes milhares de anos, a adir cada vez mais e melhor sabedoria, veio finalmente a acabar por se tornar abissal o fosso que agora separa os dois primatas.
Aprendeu a dominar o transporte, pela terra, pelo mar e pelo ar, conseguindo até já movimentar-se através do espaço exterior.
É também capaz, e de modo muito avançado, de manipular a comunicação, em som e em imagem, ultrapassando afinal a espantosa “transmissão do pensamento” à distância, considerada “bruxaria” ainda há pouco mais de cem anos.
Mas a maior das suas realizações parece-me ser, na verdade, essa de proceder ao registo do seu comportamento através dos tempos: …A História.
E depois, embora com muito menos segurança, a de conseguir, na medida do possível, planear o seu futuro.
E, graças a estas faculdades, de memorizar o passado e projectar o futuro, consegue o homem “viver no infinito dos tempos”, enquanto que as outras espécies, sem pretérito, nem porvir, são obrigadas a só “viver” os curtos “ápices” das suas breves vidas.
Em suma: A enormíssima “vantagem” do Homem sobre os outros animais é a de ser ele o único que tem HISTÓRIA.
Por outro lado não pode o Homem engalanar em Vaidade, …porque tudo o que conseguiu, até agora, é ainda extremamente pouco:
Mal conhece, por exemplo, o seu próprio corpo, que só muito recentemente, pela descoberta do ADN, começa a ser revelado. …Não consegue controlar a maior parte das doenças. Não é capaz, de um modo quase geral, de resolver os problemas económicos e até alimentares da Humanidade.
Arquitectou mil Teorias Filosóficas, …porém não logra, de forma alguma, alcançar o menor conceito, nem em “espaço”, nem em “tempo”, do que seja uma “Teoria do Infinito”.
E, sobretudo, é completamente incapaz, fóra dos termos das gnoses religiosas, de construir a mais pálida das concepções de uma Ideia de DEUS.
O Anthropithecus ainda tem um longo percurso a percorrer!
Mas porque irei eu começar o Ano com macaquices?
Talvez pelo eterno receio de que algum Pithecus mais desembaraçado ponha uma gravata e se meta entre nós, a provocar ainda mais confusão do que a já existente.
Cascais, o5 Jan. 2010 J. Sá-Carneiro
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