segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

CRIOULISMO – DISSERTAÇÃO

                                                                                J. Sá-Carneiro

                                                                                (MEMÓRIA     2007)

CAPITULO  I

O CRIOULO ORIGINAL ERA DE RAÇA BRANCA

É vulgar que se estabeleça a confusão entre "crioulidade" e "mestiçagem".

...Entretanto uma coisa nada tem a ver com a outra. Mestiçagem é a combinação de duas (E às vezes mais) raças.     Crioulidade  e crioulismo referem-se a sociedades e comunidades, que englobam  várias raças, em vivência conjunta, e que detêem uma  "cultura" própria.

Originariamente o "crioulo" era de pura raça branca. Mas, mais tarde, passou-se a chamar tambem "negro crioulo", ao que fora "nascido e criado na colónia". ( Brasil).

Vamos começar por algumas definições:

"Crioulo é o homem ou mulher brancos, originários das colonias", ..."negro crioulo é o nascido na colónia, em opposição ao proveniente do tráfico" (1)

" Créole est une personne de pure race blanche, née aux colonies".

"Creole is a term used originally from the 16th to the 18th century to denote white persons born in Spanish America of Spanish parents" (3)

"Creole is a descendant of French, Spanish or Portuguese settlers of Louisiana and the Gulf States who retains his special speech or culture." (4)

"Creole State is the Nickname of Louisiana" (4)

"Sabemos que pelo correr do Séc. XIX se passou a chamar também crioulo ao africano negro que falava e escrevia o português ( Ou francês ou castelhano ) e, naturalmente aos mestiços resultantes das duas raças. Passava  assim o   termo  "Crioulo" a definir e caracterizar uma determinada "cultura", em vez de qualquer conceito de 'raça' ". (5)

Também aos naturais do sul da India, Malásia e Indonésia, sejam de qualquer das raças indigenas, mais escuras ou mais claras, ou de origem puramente holandesa no caso da Indonésia, ou mestiços provenientes das suas combinações, se chama crioulos.

"Dialectos crioulos" são as várias formas de expressão usadas nas diferentes regiões, continentais ou insulares, e que têm por base as linguas europeias ( Português, castelhano, francês ou holandês ), conforme a proveniência do colonizador.

"A primeira vez que se nos impôs o uso do termo "crioulo" foi na caracterização cultural da cidade de Luanda, por nós entendida como uma " ilha" crioula. Dizíamos que a situação linguistica na cidade de Luanda, variável ao longo dos tempos, apresentava no século XVII formas de um crioulo generalizado na comunicação entre os moradores. (...) verifica-se uma diferenciação linguistica, quer do português, quer do quimbundo, através das suas mútuas aquisições". (6)

É verdade que, como fórma de expressão generalizada, nunca o crioulo se firmou em Angola. E é o português que, felizmente, como o inglês na India, a todos acoberta.

Como se entenderia Angola, falando como fala uma dúzia de linguas e dialectos, que vão do quicongo e quimbundo, ao humbundo e mokobal, até ao bosquimane ( ou mukankala) que é falado aos estalidos com a lingua?

...Mas a grande vantagem de Angola falar português ...é a de poder continuar a falar com Portugal. ...E não há dúvida de que o crioulo de Angola, referimo-nos ao homem, não ao dialecto, se sente, senão português, pelo menos luso-angolano.

E é essa feição luso-crioula de Angola que torna facílimo o entendimento e a colaboração, sejam quais forem os fins procurados, sociais, culturais, comerciais ou económicos, entre portugueses e angolanos, bastando afinal que ambos se respeitem e comportem com um máximo boa vontade e lealdade, para serem alcançados muitos objectivos, que qualquer dos dois, sozinho, dificilmente alcançará.

________

(1) Dr. Frei Domingos Vieira, Thesouro da Lingua Portuguesa, Ernesto Chardron,

e Bartholomeu de Moraes, Porto e Rio de Janeiro, 1871.

(2) Petit Larousse, 1960.

(3) Encyclopaedia Britannica (Micropaedia), 1978.

(4) Funk & Wagnalls Dictionary, J. G. Ferguson Publ. Company, Chicago, 1976.

(5) J. Sá Carneiro, in Raizes - Laços e Lingua, Nov. 2000.

(6) Mario Antonio de Oliveira, Luanda - Ilha Crioula, Agencia Geral do Ultramar, Lisboa 1968.

1 comentário:

  1. Penso que não vale grande a pena comentar a sua divagação pouco instrutiva mas apenas queria apontar ao argumento falacioso que usou para justificar a aculturação de toda uma região: existem maneiras de pessoas de diferentes línguas co-existirem, em termos linguísticos, bastando para tal que se façam dicionários e thesaurus. Não é novidade nenhuma na história da humanidade, mesmo no presente, a mesma região albergar diferentes maneiras de se expressar mantendo de qualquer modo uma identidade, digamos que nacional, comum. Não precisa de ir mais longe, bastando ver o exemplo da Suíça que tem quatro línguas oficiais. O seu discurso nada acrescentou ao mundo e apenas deixou transparecer um sentimento de neo-colonização a que já estamos habituados.

    P.S.: E "forma" não leva acento!

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