“OS DRAGÕES” ( CONTINUAÇÃO )
…E a Coluna estacou para uma rápida reunião: Comandantes, sargentos e cabos, cinco ou seis condutores civis. …E, logo em seguida, e da forma mais abrupta, o comandante desata aos berros, manda pôr toda a gente, camionistas incluídos, em respeitoso sentido, ao longo da berma da picada, e começa a pregar-lhes uma das mais furiosas descomposturas que eu até ali tinha ouvido. ( Claro que nunca percebi porquê). Ao mesmo tempo, e a passos largos, ia percorrendo a fileira, duma ponta até à outra, sempre zurzindo a poeira do chão, a chicotadas do cavalo marinho, de que nunca se separava.
A seguir subiu para o Unimog e, também em rigoroso sentido, berrou a pergunta: “Quem é o alferes mais charmoso do Exército Português ? E os os soldados responderam em coro: “É o menino João Moreira”. E eu, que tinha ficado sentado no banco do Unimog, devia com certeza estar a olhar para tudo aquilo, com o ar mais espantado do mundo. Por fim gritou a ordem: “Siga a coluna !”
Meia hora depois, num lugar a que chamavam a Baixa da Bananeira, estávamos todos enterrados. …E, logo a seguir, a noite caiu.
Ainda houve uma ou duas tentativas de rebocar camions com os Unimogs, mas era preciso abrir passagens ao lado da picada, e a noite estava breu. Assim resolveram deixar para de manhã.
Foram estabelecidos postos de sentinela, em três ou quatro pontos, …mas eu, que estava a dormir dentro dum camion, acordei a meio da noite e fui, por curiosidade, dar uma volta ao acampamento: Não havia vivalma acordada! E como, durante toda a noite, nada de nada aconteceu, veio reforçar-se a minha convicção de que, na verdade, a guerra de Angola já tinha acabado. …Ou, pelo menos, que alguém a tinha mandado “parar”.
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